sexta-feira, 21 de março de 2008

"Maconha X Hipocrisia"

Existe na natureza uma planta estratégica para o mundo moderno. Capaz de entrelaçar duas lutas vitais deste fim de século _ o desenvolvimento sustentável e as liberdades individuais.
Cannabis Sativa é o nome da planta. Estratégica, porém proibida.
A seguir, dez maneiras de dizer uma coisa só: Legalize!

1.....
Não é de hoje que a cannabis sativa é usada pelo homem. Em 2.800 antes de Cristo ela já era cultivada pelos chineses para extração de fibra. As caravelas usadas na descoberta da América tinham suas velas feitas a partir da cannabis (mais tarde, Napoleão tentaria liquidar a Marinha britânica barrando a chegada da cannabis russa). Estima-se que, no final do século passado, até 90% do papel usado no mundo provinha da cannabis, da qual foi feita a primeira Constituição dos Estados Unidos. Os primeiros jeans também foram feitos da fibra da planta. De uma maneira ou de outra, a cannabis atravessa toda a história da Humanidade.

2.....
Seria, então, uma planta milagrosa? Quase. Da cannabis pode-se extrair 25 mil produtos de uso essencial para a sociedade moderna. Roupas, calçados, produtos de beleza, óleo de cozinha, chocolate, sabão em pó, papel, tintas, isolantes, combustível, material de construção, carrocerias de carro e muitos outros produtos fazem da cannabis uma matéria-prima valiosa para a indústria mundial.

3.....
A cannabis sempre foi usada como instrumento religioso. Suas sementes eram queimadas pelos sacerdotes para produzir os transes místicos. Seu uso com fins recreativos começou entre os gregos, nos grandes banquetes.

4.....
O uso industrial da cannabis sativa foi em grande parte sufocado por uma campanha agressiva de um concorrente direto, a indústria do petróleo. Em 1940, Henry Ford chegou a produzir um carro com a fibra da cannabis e movido por óleo da semente da planta. Nos anos seguintes os conservadores norte-americanos procuraram estigmatizar a planta, atacando seu uso como droga e apelidando-a de Marijuana _ um apelo ao racismo contra os mexicanos. A campanha resultou na proibição da cannabis sativa nos EUA.

5.....
Também no Brasil, as dificuldades para o uso industrial da cannabis provêm de uma campanha de viés racista contra a maconha. Os negros africanos que chegavam como escravos traziam as sementes em suas tangas e se reuniam à noite para fumar e cantar. Cientistas procuraram depreciar aquele hábito, tentando, sem sucesso, evitar sua difusão entre os brancos.

6.....
A cannabis tem um grande poder medicinal. Na China era usada como anestésico. Hoje, é considerada um grande remédio contra o enjôo provocado pela quimioterapia contra o câncer. É aceita também no tratamento de glaucoma e pode ser usada contra a asma e o stress. Muitos pacientes com Aids a utilizam para abrir o apetite e ganhar peso, reunindo forças para resistir.

7.....
As pesquisas médicas indicam que a cannabis faz menos mal que o tabaco ou o álcool. Diferente deste, é inofensiva para terceiros, pois não provoca agressividade ou descontrole emocional. Não há indícios de dependentes de cannabis nas clínicas brasileiras. Diz-se que a dose mortal de cannabis são dois quilos jogados do 25o andar de um prédio.

8.....
A proibição do uso da cannabis sativa tem sido o pretexto para uma das formas mais hipócritas de violência contra o cidadão. Pessoas de bem são abordadas como criminosas e arrancadas de sua tranquilidade, nos já famosos "teatros" de agressão e extorsão da polícia. A lei encaminhada no Congresso descriminalizando o usuário é um passo importante para abolir estas situações da vida brasileira. Mas a violência provocada pelo tráfico só será extinta com a liberação total da cannabis.

9.....
Hoje, a cannabis é plantada na Hungria, França, Canadá, Inglaterra, Portugal, China e Espanha. Com pesquisas genéticas, o Brasil poderia produzir em três anos a semente da cannabis sem o THC (o princípio psicoativo), para uso industrial.

10.....
A cannabis é uma matéria-prima estratégica para a sociedade sustentável. Ao contrário do petróleo, é um recurso renovável e limpo.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Arte!!! É o que mesmo? Alguém se lembra?




- Sei!! Ele é artista, mas trabalha de verdade com o que? Perguntava uma inocente mãe sobre a profissão de seu suposto futuro genro…


E é numa rebuscada de consciência que me pergunto, quase que diariamente, onde estão as certezas sobre minhas escolhas…


Por falar nelas, quando escolhi viver nesse contexto considerado por muitos uma mistura de poesia com vagabundagem, não sabia com quem, ou com o que teria que lutar. Percebi que eram muitas verdades empunhadas pelos que se denominavam “artistas” e isso, pra um transeunte lotado de dúvidas como eu, foi motivo de muitas, mas muitas, mas muitas…rodinhas….de papo!


Acho que o que poderia deixar aqui seriam algumas dessas poucas impressões (longe de serem verdades ou mesmo mentiras) que captei durante tantos devaneios..uns em vão, outros não. Então:
Ego combina com artista e assim a arte produz artistas.


Se aliar a Imprensa pra tornar sua arte mas imprenssonante, seria como pegar uma puta na beira da estrada, tentar tirar sua calcinha, descobrir que é um traveco e terminar levando no cú, é claro!!


Não dá pra acreditar num artista que constrói sua estória preocupado se fulano de tal banda está no show assistindo ou se o público aprovou o que ele pensa e como ele se veste.


Arte não tem regras, padrões, e quem dirá cartilhas de comportamento. Ter que se adaptar a estereótipos para se enquadrar, jamais será uma exigência feita por ela. Entre esses que se consideram intelectuais com personalidade e senso crítico exacerbado, como pode existir um corte de cabelo padronizado ou determinados discos que devem ser ouvidos, ou até lugares que TEM que ser freqüentados?


Acho que o que tá rolando hoje é que todos os grupos, sejam novos ricos emergentes, malandragem suburbana ou pseudo-intelectuais, estão se moldando em shoppings criados especialmente pra atender suas demandas.


- Como voce nunca foi no restaurante tal e não gastou tanto pra tomar AQUELE vinho e falar da importância de um Doutorado na sociedade contemporânea?
- E voce, não conhece o MC tal que teve sua família massacrada? As gírias têm que ser essas no estilo norte americano verdadeiro que agora é igual o daquele Rapper …
- E os barbudinhos de olhar sofrido com roupas quadriculadas e chinelos de borracha… Lógico que eles tem que ler Nietzsche. Voce não conhece a maior novidade cópia dos Beatles dos confins da Finlândia?


É uma pena! Mas esses tipos de pergunta estão cada vez mais freqüentes até mesmo aqui em…
Ihh!




Esqueci de dizer… moro numa cidadezinha linda, chamada Vila Velha, no Espírito Santo, espremidinha entre Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Minas Gerais. A praia fica a 40 min das montanhas, o clima é super agradável, as mulheres são lindas, o engarrafamento ainda não tomou conta da cidade e a cultura é tratada…


É, a cultura ainda está bem misturada com os conceitos sugadores do entretenimento, mas estamos no começo de nossa caminhada. Mesmos com tanta pluralidade artística (aqui tem de tudo e mais um congo) também não escapamos da escravidão de uma maioria copiando o que uma minoria dita.


Mas se Arte é sinônimo de liberdade, como isso pode acontecer?
Também não sei, mas na hora de prestar contas do que falo, a conta virou a seguinte:

Arte= aplausos + olhos olhando - esforço + roupinhas adequadas - vontade de mudar o mundo + vaidade + politicagem dividido por poucos e multiplicado pelo EGO³.

Infelizmente desequacionamos a arte.
Deixo aqui um sussurro gritante :
- Ela não pode ser comprada!!Acredito na Vitória desse estado, mesmo sabendo que muitos tentam o Empate e até mesmo a Derrota.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

"Acreditar é mais fácil do que pensar. Daí existem muito mais crentes do que pensadores." B. Calvert

Meu primeiro post desse blog, que criei no intuito de registrar algumas opiniões, experiências, artigos e tudo aquilo que me faz parar e PENSAR.

Dando uma pesquisada no saudoso Nietzsche, me aprofundei numa reflexão que de certa forma, me deixou de pés ainda mais cravados no chão, e alimentou mais o ódio por essa "nauseosa" sociedade cristã. Segue alguns trechos e comentários do que lí:

Até onde vai o caráter perspectivista da existência será que ela possui tal caráter? Como poderemos obter tais respostas, se mesmo a mais diligente e conscienciosa análise feita pelo intelecto humano não pode deixar de ver a si mesmo sob suas formas de perspectiva? Além desses questionamentos, deparei-me com uma descrição da moral cristã que se adequou com minhas convicções. Tal moral prega a negativização da existência humana, a negação dos instintos; ela provém da incapacidade de se aceitar a finitude da vida, crendo-se numa vida ilusória no além-túmulo – verdadeiro refúgio no nada, na fuga do mundo – , conduzindo somente ao declínio do homem.

O cristianismo condena o homem à degeneração física e, conseqüentemente, psicológica; faz o homem guardar os seus instintos que deveriam ser extravazados, causando uma interiorização do homem. Nietzsche faz uma apologia aos nossos instintos, dizendo que a razão é uma conseqüencia deles. O que é bom ou mau? O que alguns consideram más virtudes são tão essenciais aos homens fortes que, sem elas, nada de bom teria se alcançado: força, violência, ódio, egoísmo. O que é a ética ou a moral?

“Todos os nossos motivos conscientes são fenômenos de superfície: por trás deles, se trava a luta de nossos instintos e estados, a luta em torno do poder.”

Não temos a capacidade de julgar o certo e o errado e, de qualquer maneira, algo só passa a ser relativamente certo ou errado se eles promovem a conservação da vida! Nietzsche utiliza os conceitos biológicos, como seleção natural, para caracterizar um possível certo e errado.

É o homem apenas um erro de Deus ou é Deus unicamente um erro do homem? Quem “criou” quem? Ou seria como se “criou”? Deus, mais que uma possibilidade, é visto com uma conseqüência. Povos fortes, altivos, comungam da crença em um Deus acima do bem e do mal. Povos decadentes, degenerados, crêem num conceito de um Deus bom, protetor dos fracos. Um conceito que revela uma perspectiva sociológica. Um conceito de Deus atrelado à cultura de cada povo, conforme sua expectativas e prerrogativas, fruto de seu “estado de espírito” perante os acontecimentos.

Acreditando num Deus paternalista, estamos nos sujeitando a uma instância sobrenatural, a qual determinaria os desígnios de nossa existência, esquivando-nos da responsabilidade por nosso “aperfeiçoamento”, e senão a ela, aos seus representantes terrenos, e às prerrogativas morais que se querem universais, sujeitando-nos a uma ditadura das convicções. Nietzsche diz que a razão e a verdade de modo absoluto não existem, pois, ambas, sempre se constituíram sob diversas perspectivas culturais e lingüísticas. A razão, portanto, é um arbítrio. Os conceitos nada mais são do que construções da vontade de poder, projeções arbitrárias e subjetivas impostas ao homem. A recusa de Nietzsche à perspectiva kantiana, que estabelece o primado da razão, afirma que o julgamento racional, posto como imperativo, nega e falsifica o papel de nossos impulsos instintivos. O dogmatismo da busca da verdade absoluta perde-se no vazio. O pensamento, sendo resultante dos impulsos, sempre se encontra em constante mutação, sujeito ao fluxo instintivo/impulsivo sobre a razão.

Como poderemos falar em “verdade absoluta”? Em “certeza”? Os conceitos são armadilhas; o instinto sempre atua influenciando-os; a vida é a manifestação da expressão de nossos impulsos mais íntimos; e crer em conceitos universais é desconhecer as bases que constituem a origem da nossa razão. Por esse motivo, eu sempre acho muito importante saber o conceito das coisas.
Uma conclusão além de toda a obviedade dos argumentos, é de que Nietzsche é o cara!