quarta-feira, 28 de novembro de 2007

"Acreditar é mais fácil do que pensar. Daí existem muito mais crentes do que pensadores." B. Calvert

Meu primeiro post desse blog, que criei no intuito de registrar algumas opiniões, experiências, artigos e tudo aquilo que me faz parar e PENSAR.

Dando uma pesquisada no saudoso Nietzsche, me aprofundei numa reflexão que de certa forma, me deixou de pés ainda mais cravados no chão, e alimentou mais o ódio por essa "nauseosa" sociedade cristã. Segue alguns trechos e comentários do que lí:

Até onde vai o caráter perspectivista da existência será que ela possui tal caráter? Como poderemos obter tais respostas, se mesmo a mais diligente e conscienciosa análise feita pelo intelecto humano não pode deixar de ver a si mesmo sob suas formas de perspectiva? Além desses questionamentos, deparei-me com uma descrição da moral cristã que se adequou com minhas convicções. Tal moral prega a negativização da existência humana, a negação dos instintos; ela provém da incapacidade de se aceitar a finitude da vida, crendo-se numa vida ilusória no além-túmulo – verdadeiro refúgio no nada, na fuga do mundo – , conduzindo somente ao declínio do homem.

O cristianismo condena o homem à degeneração física e, conseqüentemente, psicológica; faz o homem guardar os seus instintos que deveriam ser extravazados, causando uma interiorização do homem. Nietzsche faz uma apologia aos nossos instintos, dizendo que a razão é uma conseqüencia deles. O que é bom ou mau? O que alguns consideram más virtudes são tão essenciais aos homens fortes que, sem elas, nada de bom teria se alcançado: força, violência, ódio, egoísmo. O que é a ética ou a moral?

“Todos os nossos motivos conscientes são fenômenos de superfície: por trás deles, se trava a luta de nossos instintos e estados, a luta em torno do poder.”

Não temos a capacidade de julgar o certo e o errado e, de qualquer maneira, algo só passa a ser relativamente certo ou errado se eles promovem a conservação da vida! Nietzsche utiliza os conceitos biológicos, como seleção natural, para caracterizar um possível certo e errado.

É o homem apenas um erro de Deus ou é Deus unicamente um erro do homem? Quem “criou” quem? Ou seria como se “criou”? Deus, mais que uma possibilidade, é visto com uma conseqüência. Povos fortes, altivos, comungam da crença em um Deus acima do bem e do mal. Povos decadentes, degenerados, crêem num conceito de um Deus bom, protetor dos fracos. Um conceito que revela uma perspectiva sociológica. Um conceito de Deus atrelado à cultura de cada povo, conforme sua expectativas e prerrogativas, fruto de seu “estado de espírito” perante os acontecimentos.

Acreditando num Deus paternalista, estamos nos sujeitando a uma instância sobrenatural, a qual determinaria os desígnios de nossa existência, esquivando-nos da responsabilidade por nosso “aperfeiçoamento”, e senão a ela, aos seus representantes terrenos, e às prerrogativas morais que se querem universais, sujeitando-nos a uma ditadura das convicções. Nietzsche diz que a razão e a verdade de modo absoluto não existem, pois, ambas, sempre se constituíram sob diversas perspectivas culturais e lingüísticas. A razão, portanto, é um arbítrio. Os conceitos nada mais são do que construções da vontade de poder, projeções arbitrárias e subjetivas impostas ao homem. A recusa de Nietzsche à perspectiva kantiana, que estabelece o primado da razão, afirma que o julgamento racional, posto como imperativo, nega e falsifica o papel de nossos impulsos instintivos. O dogmatismo da busca da verdade absoluta perde-se no vazio. O pensamento, sendo resultante dos impulsos, sempre se encontra em constante mutação, sujeito ao fluxo instintivo/impulsivo sobre a razão.

Como poderemos falar em “verdade absoluta”? Em “certeza”? Os conceitos são armadilhas; o instinto sempre atua influenciando-os; a vida é a manifestação da expressão de nossos impulsos mais íntimos; e crer em conceitos universais é desconhecer as bases que constituem a origem da nossa razão. Por esse motivo, eu sempre acho muito importante saber o conceito das coisas.
Uma conclusão além de toda a obviedade dos argumentos, é de que Nietzsche é o cara!